A campanha lançada nacionalmente em novembro pela Articulação do Semiárido (Asa Brasil) tem o objetivo de alertar a sociedade brasileira sobre o impacto e efeitos negativos da disseminação de cisternas produzidas com plástico/PVC para o fortalecimento da estratégia de convivência com o Semiárido, no qual as organizações que fazem a articulação têm investido seus esforços nos últimos anos. A Cáritas Brasileira é uma das instituições que atuam junto a Asa Brasil.
Desde o dia 1º de dezembro as ações estão sendo intensificadas nos estados com o intuito de fortalecer a campanha e atingir um maior número de adeptos. A perspectiva é que o último dia dessa mobilização seja marcada por ações em diferentes rádios do Semiárido. A ação ocorre até o próximo dia 15.
Vejam os materiais disponíveis para a campanha. Participe!
Cisterna de plástico dura menos do que a de placa
por Myrlene Pareira, da Cáritas Diocesana de Araçuaí O sonho de ter água potável em casa, durante o ano todo, é algo que encanta muitas famílias do Semiárido brasileiro. Em Minas Gerais, algumas famílias como a de Seu Orcísio Martins da Costa e a de Dona Elândia Chaves Rodrigues conseguiram alcançar esse objetivo através das cisternas. Porém, o resultado não foi o mesmo para eles devido à forma de construção e o material utilizado nos reservatórios.
Elândia e seu esposo Derval Souza Prates moram na comunidade Limoeiro, na cidade de Itinga, um dos municípios que mais sofrem com a falta d’água no Vale do Jequitinhonha. Em 2003, a comunidade foi beneficiada com 22 cisternas de placas, com capacidade para captar 16 mil litros d’água da chuva, através do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA).
Segundo Elândia, para conquistar a cisterna, o primeiro passo foi se cadastrar no programa através da associação comunitária e do sindicato dos trabalhadores rurais. Na análise de perfil foi detectado que sua única fonte de água era o Rio Jequitinhonha, que fica a mais de 1 km de sua casa. Também foram analisados outros critérios para que a agricultora recebesse a cisterna.
Como contrapartida ela e sua família hospedaram e alimentaram os pedreiros, ajudando também no processo de construção. “Foi bem trabalhoso, mas valeu cada gota de suor porque eu tenho certeza que essa cisterna tem qualidade”, diz Elândia que após oito anos ainda não teve nenhum problema com a cisterna.
Ela também sabe utilizar bem da água da cisterna, ensinamento que aprendeu nos dois dias do Curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH) que participou quando foi selecionada no programa. “Essa foi a melhor coisa que aconteceu por aqui nos últimos tempos”.
Derval diz que hoje tem água suficiente para beber, cozinhar e fazer tarefas mínimas dentro de casa durante todo o período de estiagem. Para completar a felicidade, em 2009 a família foi agraciada com uma barragem subterrânea, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que fornece água para a produção de alimentos.
Ele conta que, depois da chegada do P1MC na comunidade, a associação ficou muito mais organizada, pois trabalharam em mutirão para a construção das 22 cisternas, além de sempre se reunirem com o sindicato e a Comissão Municipal da ASA para ajudar outras comunidades a realizarem seu sonho.
O agricultor também avalia que os cursos e a assessoria técnica oferecida pelo P1MC e P1+2 foram de extrema importância para a melhoria de qualidade de vida na comunidade. Enquanto isso, Seu Orcísio espera pacientemente uma solução definitiva para seu problema. Ele tem participado ativamente da associação e do sindicato e diz que pensará duas vezes antes de receber novos projetos dos quais a comunidade não participe da construção.
Já a história de Seu Orcísio, 64 anos, é bem diferente. Ele mora com a esposa e quatro filhos há 30 anos na comunidade Campo Queimado, que fica a 4 km da comunidade de Elândia. Há dois anos, depois de um longo período de estiagem, sua família recebeu a cisterna de plástico com capacidade para 8 mil litros, instalada pela Defesa Civil, através do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene).
Seu Orcísio conta como foi o processo para receber a cisterna: “Uma moça da prefeitura fez o cadastro e três meses depois chegou um rapaz e, da parte da manhã até o meio-dia, [a cisterna] já estava pronta. Logo depois, a cisterna cedeu, mas o mesmo rapaz arrumou. Durante um ano tinha água aqui, que a gente usava pra beber e cozinhar, regrando muito. Mas aí veio a chuva e a terra em volta cedeu e a cisterna não aguentou também. Hoje ela só enche até a metade e como não dá pra limpar, só usamos para dar de beber aos animais”.
Ele acreditava que com a chegada da cisterna seu problema com água estava acabado, assim como para os seus vizinhos. Hoje ele se encontra triste por ver a cisterna e não ter condições de fazer nada. Outra preocupação é o perigo de ocorrência da dengue, pois após o desmoronamento da cisterna o material amontoado acumula água no período chuvoso.
FONTE: Cáritas Brasileira
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