Na manhã de
quarta-feira (18/054), dentro da programação da VIII Semana Zé Maria do Tomé,
aconteceu a Mesa Redonda “Agrotóxicos: Relações entre capital, doenças e
conflitos socioambientais”, no Auditório da Faculdade de Filosofia Dom
Aureliano Matos – FAFIDAM/UECE. Com a temática “Agrotóxicos e a questão
socioambiental em Quixeré/CE”, Rafaela Lopes, da UECE/TRAMAS/NATERRA,
apresentou o resultado de sua tese de mestrado, que tem por finalidade
contribuir para um novo conhecimento acerca da produção dos agrotóxicos no
Ceará e ajudar as/os camponesas/es da região do Baixo Jaguaribe em relação aos efeitos
nocivos dos venenos ao meio ambiente e à saúde humana. Rafaela expôs, de forma
contundente, que os agrotóxicos atingem de maneira imediata os trabalhadores que
vendem, transportam, manipulam e pulverizam estes insumos nas áreas de plantio,
e, indiretamente, as famílias que vivem no entorno das plantações. Cita como
efeitos mais nocivos relacionados aos agrotóxicos as intoxicações agudas e
crônicas, que podem levar a óbito; a infertilidade masculina; os casos de
câncer; as doenças hepáticas, respiratórias, renais e dermatológicas.
A pesquisadora Ada
Pontes, da UFCA/TRAMAS/UFC, trouxe para o debate o resultado da sua pesquisa de
doutorado intitulada “Más-formações congênitas, puberdade precoce e
agrotóxicos: uma crença maldita do agrotóxico para a Chapada do Apodi/CE”. A
partir de estudo epidemiológico da população da região do Baixo Jaguaribe, a
pesquisa de Ada constatou contaminação ambiental em área de uso de agrotóxicos,
afetando 97% de trabalhadores/as rurais. Os exames revelaram contaminação de
forma múltipla (entre 4 e 30 ingredientes ativos diferentes foram encontrados),
intoxicações agudas, alterações hepáticas e hematológicas. A pesquisadora enfatizou
que, em decorrência desse modelo dependente de uso de agrotóxicos, esse círculo
do agronegócio se configura como um processo de (in)sustentabilidade social e
ambiental.
Mas apesar dos ataques
do agronegócio e da ausência de atuação por parte do Estado, os movimentos
sociais e as comunidades rurais dos município de Quixeré e demais municípios da
região do Baixo Jaguaribe resistem e lutam por melhores condições de vida e
trabalho contra o modelo hegemônico do agronegócio. Ada concluiu a fala
ressaltando que sua pesquisa observou que a luta e a produção camponesa das
comunidades trazem esperança para o futuro.
Por fim, a professora
Bernadete Freitas, do M21, acrescentou reflexões ao debate a respeito de sua
tese de doutorado sobre o campesinato, o uso de agrotóxicos e a sujeição da
renda da terra ao capital no contexto da expansão da Política Nacional de
Irrigação no Ceará. Em relação ao consumo de veneno, o cenário estadual revela localmente o que temos a nível nacional: o Brasil à frente no ranking mundial no uso de agrotóxicos. O mercado
cresceu 190% entre 2002 e 2012, ultrapassando o aumento mundial de 93%, com
futura de 12,2 bilhões de dólares. Cerca de um terço das pequenas propriedades
no Brasil utilizam veneno em suas produções. E como consequência, verifica-se o
processo de (in)sujeição do território camponês ao capital.
E agora, o que faremos
com esses resultados?
Texto e Fotos: Eva Marques
É importante que utilizemos essas informações nos nossos encontros comunitários, em especial na região do Vale do Jaguaribe, fortalecendo a compreensão das famílias do quanto precisamos estar firmes e resistentes.Parabéns!
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