sábado, 21 de abril de 2018

CAMPANHA DE FINANCIAMENTO COLETIVO CÁRITAS DIOCESANA DE LIMOEIRO DO NORTE

BIOÁGUA FAMILIAR: DAS ÁGUAS DE REÚSO 
BROTAM   EXPERIÊNCIAS DO BEM VIVER

Através da sua ajuda,10 famílias de agricultoras e agricultores da região semiárida de Caatinga Grande, no município cearense de Potiretama, poderão ter acesso a uma tecnologia social que permite o tratamento de águas de uso doméstico e a sua posterior reutilização para irrigar quintais produtivos agroecológicos ao redor de casa. Essa tecnologia é o bioágua e o sistema será implementado pela Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte. Como o acesso aos direitos básicos, tais como à água e à alimentação, seguem sendo violados em muitas partes do Semiárido, tecnologias sociais como o bioágua são importantíssimas para que famílias e comunidades possam alcançar a segurança hídrica e nutricional necessária para uma vida de melhor qualidade. 

Além da construção do bioágua e dos quintais produtivos, o projeto ajudará as famílias a refletirem e adotarem cada vez mais os princípios da convivência com o Semiárido e da agroecologia. Se conseguirmos ultrapassar a meta, organizaremos formações que contribuam com mais acesso à informação sobre água, alimentação, saúde e políticas de convivência com o SemiáridoTambém teremos como viabilizar intercâmbios para troca de experiências entre as famílias que receberão o bioágua e aquelas já fazem uso da tecnologia em outras localidades. Apesar de nossa ação ser localizada, o desejo é que a apropriação desta tecnologia social e dos debates que nascerão desta experiência sejam difundidos pela comunidade e por territórios vizinhos. 

Esta campanha de arrecadação de recursos vai fazer valer o esforço das comunidade de Caatinga Grande que já estão em mutirão para conseguir garantir alguns materiais necessários para a construção dos sistemas. As famílias estão confiantes de que alcançaremos a meta!

O que é o bioágua?
Uma tecnologia social simples, de baixo custo e de muito valor para poupar água e garantir comida na mesa das famílias do Semiárido! Esse sistema é utilizado para o tratamento das águas cinzas - aquelas do uso em pias, tanques e chuveiros domésticos. Elas são cinzas porque ficam com impurezas, tais como sabão e outros resíduos. Através de um filtro com camadas de material orgânico e inorgânico, o bioágua consegue retirar os principais poluentes da água, deixando-a própria para irrigar produções de frutas, verduras, hortaliças e plantas medicinais nos quintais ao redor de casa e para criar pequenos animais. Dessa forma, o bioágua contribui com a prática cotidiana da convivência com o Semiárido e com os princípios agroecológicos através do reuso de água. 

Sobre a Cáritas de Limoeiro
A Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte é uma associação com personalidade jurídica própria, de caráter beneficente, filantrópico e sem fins lucrativos. Faz parte da Rede Cáritas Ceará e da Cáritas Brasileira na Diocese de Limoeiro como um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A Cáritas de Limoeiro tem forte atuação no território com ações de convivência com o Semiárido, de organização comunitária, de incidência política, de acesso e revindicação de direitos com grupos de agricultoras/es, catadores/as, crianças, adolescentes e jovens.  


Entenda como funciona o Sistema Bioágua Familiar:


Acesse o site da Campanha, e faça sua doação: 
https://benfeitoria.com/aguasdobemviver


quinta-feira, 19 de abril de 2018

Pesquisas sobre agrotóxicos no Ceará são compartilhadas em mesa de debate durante a VIII Semana Zé Maria do Tomé


Na manhã de quarta-feira (18/054), dentro da programação da VIII Semana Zé Maria do Tomé, aconteceu a Mesa Redonda “Agrotóxicos: Relações entre capital, doenças e conflitos socioambientais”, no Auditório da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos – FAFIDAM/UECE. Com a temática “Agrotóxicos e a questão socioambiental em Quixeré/CE”, Rafaela Lopes, da UECE/TRAMAS/NATERRA, apresentou o resultado de sua tese de mestrado, que tem por finalidade contribuir para um novo conhecimento acerca da produção dos agrotóxicos no Ceará e ajudar as/os camponesas/es da região do Baixo Jaguaribe em relação aos efeitos nocivos dos venenos ao meio ambiente e à saúde humana. Rafaela expôs, de forma contundente, que os agrotóxicos atingem de maneira imediata os trabalhadores que vendem, transportam, manipulam e pulverizam estes insumos nas áreas de plantio, e, indiretamente, as famílias que vivem no entorno das plantações. Cita como efeitos mais nocivos relacionados aos agrotóxicos as intoxicações agudas e crônicas, que podem levar a óbito; a infertilidade masculina; os casos de câncer; as doenças hepáticas, respiratórias, renais e dermatológicas.

A pesquisadora Ada Pontes, da UFCA/TRAMAS/UFC, trouxe para o debate o resultado da sua pesquisa de doutorado intitulada “Más-formações congênitas, puberdade precoce e agrotóxicos: uma crença maldita do agrotóxico para a Chapada do Apodi/CE”. A partir de estudo epidemiológico da população da região do Baixo Jaguaribe, a pesquisa de Ada constatou contaminação ambiental em área de uso de agrotóxicos, afetando 97% de trabalhadores/as rurais. Os exames revelaram contaminação de forma múltipla (entre 4 e 30 ingredientes ativos diferentes foram encontrados), intoxicações agudas, alterações hepáticas e hematológicas. A pesquisadora enfatizou que, em decorrência desse modelo dependente de uso de agrotóxicos, esse círculo do agronegócio se configura como um processo de (in)sustentabilidade social e ambiental.   

Mas apesar dos ataques do agronegócio e da ausência de atuação por parte do Estado, os movimentos sociais e as comunidades rurais dos município de Quixeré e demais municípios da região do Baixo Jaguaribe resistem e lutam por melhores condições de vida e trabalho contra o modelo hegemônico do agronegócio. Ada concluiu a fala ressaltando que sua pesquisa observou que a luta e a produção camponesa das comunidades trazem esperança para o futuro.

Por fim, a professora Bernadete Freitas, do M21, acrescentou reflexões ao debate a respeito de sua tese de doutorado sobre o campesinato, o uso de agrotóxicos e a sujeição da renda da terra ao capital no contexto da expansão da Política Nacional de Irrigação no Ceará. Em relação ao consumo de veneno, o cenário estadual revela localmente o que temos a nível nacional: o Brasil à frente no ranking mundial no uso de agrotóxicos. O mercado cresceu 190% entre 2002 e 2012, ultrapassando o aumento mundial de 93%, com futura de 12,2 bilhões de dólares. Cerca de um terço das pequenas propriedades no Brasil utilizam veneno em suas produções. E como consequência, verifica-se o processo de (in)sujeição do território camponês ao capital.


E agora, o que faremos com esses resultados?


Texto e Fotos: Eva Marques
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