[ROMARIA DA CHAPADA]
O dia percorre as horas. Já se aproxima das três e meia da tarde quando o povo começa a chegar no local onde Zé Maria foi assassinado. Nessa mesma hora, há sete anos, o morador da comunidade do Tomé foi morto em emboscada na estrada para casa. Na pista tomada dos dois lados pela imensidão das plantações das grandes empresas de fruticultura, ninguém viu os 25 tiros que Zé Maria recebeu naquela tarde. Ali tombou sozinho.
É 21 de abril. Famílias da região, comunidades eclesiais de base, pastorais, sindicatos, associações, estudantes se reúnem novamente para mais uma Romaria da Chapada desde a morte de Zé.
Com os estandartes de nossos mártires em punho, tocamos o chão para escutar os gritos que sobem do Tomé, do acampamento, do Uiraponga, de Tabuleiro, de Potiretama e de todo o Vale do Jaguaribe. “Nós queremos sentir e escutar todos esses gritos. O sangue de Zé Maria rega nossa indignação, rega o nosso sonho, a nossa esperança. E com ele a gente ergue o nosso grito contra toda forma de injustiça e de opressão e se ergue para gritar pela Reforma Agrária, pela repartição da terra e da água”, disse Padre Júnior Aquino neste 21 de abril, celebrando a vida de muitos Zés e Marias que continuam a luta neste chão.
“Companheiro Zé Maria, aqui estamos nós, falando por você, já que calaram sua voz!”
Texto por Raquel Dantas, comunicadora popular da Cáritas Regional do Ceará.
Abril, 2017.
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