FONTE: Diário do Nordeste, por MELQUÍADES JÚNIOR.
Famílias encontram apoio para plantar e criar animais, vivendo tempo de fartura, apesar da estiagem
Potiretama.
A vida não está fácil, e como não chove fica difícil ter comida para os
bichos e na mesa de casa. A comunidade de Caatingueirinha, em
Potiretama, enfrenta melhor o dilema da seca desde que intensificou a
plantação de hortas, árvores frutíferas e a criação de galinhas no
quintal de casa.
A iniciativa é própria. Até as sementes em
estoque são do lugar. O que era alternativo virou principal e "quando
deu fé", a renda é maior com o que produz no quintal do que a própria
plantação de milho e feijão em regime sequeiro.
As
atividades da comunidade, que foram incentivadas pela Cáritas
Diocesana, tiveram início há cinco anos. Atualmente, possuem hortas,
pomares e criação de animais que ajudam na subsistência das famílias
FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR
Antes mesmo que virasse uma política
pública de Estado, os quintais produtivos da Caatingueirinha já
contrastavam com grande parte do sertão ressequido, marcado pela fome e
sede.
Apoio
Agora os projetos da
comunidade já são apoiados pelos bancos e, assim, foi possível
potencializar a ideia própria. O quintal de Antônia das Graças Moura
Oliveira é talvez a parte mais importante da casa. Ali, ela com o marido
e todos os filhos plantam, colhem e criam.
A geladeira está
cheia de ovo caipira, a macaxeira acabou de sair do fogo, e mesmo quase
não chovendo desde o Carnaval tem água para a horta suspensa de onde sai
cheiro verde, coentro, pimentão e pimentinha. Logo mais à frente,
árvores frutíferas garantem o suco do almoço.
A Caatingueirinha
tem 59 famílias, e quem não vive no serviço público ou aposentadoria
pode dizer que o "inverno tá ruim como um todo"´, mas "com certeza
poderia estar pior", afirma Antônia das Graças, a "Gracinha". Ao todo 30
famílias da comunidade desenvolvem os seus quintais produtivos. A água
para o regadio foi garantida pelas chuvas nos dias de carnaval: a
cisterna calçadão (com um grande espelho de concreto, por onde escorre a
água) ainda está com bom volume e ainda dá para mais meses.
Um
viveiro de mudas garante plantas das mais diversas espécies. A que não
for frutífera, dá para um bom chá ou tempero. As frutas são
comercializadas na região. O que admirou até mesmo a Dona Gracinha, é
que a produtividade no seu quintal está rendendo mais do que ela
consegue normalmente na produção de milho e feijão em regime de
sequeiro. "Aqui chegamos a tirar mais de R$ 5 mil reais por ano, só com
essas plantas e a criaçãozinha aqui", define o seu quintal. Pode parecer
pouco, mas ainda é mais do que a família tem conseguido anualmente na
plantação de milho e feijão.
A Associação dos Trabalhadores de
Caatingueirinha possui uma Casa de Semente com grãos produzidos ali
mesmo, sem depender da remessa do Governo do Estado. O estabelecimento
foi construído após uma gincana popular para arrecadação de fundos. O
nome é bem sugestivo: Casa de Sementes Renascer do Sertão. Ali tem
sementes de reserva que se continuar a "seca braba", eles tem estoque
das mais variadas frutas e leguminosas para plantio nos quintais da
comunidade.
As atividades da comunidade tiveram início cinco anos
atrás, a partir do incentivo da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte.
Técnicos da instituição ensinavam como criar projetos de convivência
com o semiárido. Hoje eles desenvolvem, além da casa de sementes,
sistema agrossilvopastoril, farmácia viva, quintal produtivo e a criação
de lideranças comunitárias. Também existiu apoio do P1+2 (Programa uma
terra, duas águas), em parceria com a Articulação do Semiárido (ASA).
"Quando
o governo começou a incentivar a agricultura orgânica nos quintais de
casa, nós já estávamos fazendo aqui", lembra dona Gracinha. Mas hoje a
comunidade mantém as atividades com apoio do Banco do Nordeste, Banco do
Brasil, Organização Barreira Amigo Solidário (OBAS) e da Cáritas
Diocesana.
O ano de 2013 poderá ter os efeitos da seca
amenizados, ainda que naquele ano chova tão menos quanto neste. Isso
pelo menos para as famílias que criarem os quintais produtivos, agora
amparado pelos governos Estadual e Federal.
Por meio de convênio
assinado entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS) e Secretária do Desenvolvimento Agrário (SDA) serão construídos
5.700 quintais produtivos. Uma parte tendo água a partir do sistema de
barragem subterrânea e outros com cisterna calçadão.
Ao todo
serão aproximadamente R$ 82 milhões do Governo Federal com contrapartida
estadual. A estimativa é de que 67 municípios sejam beneficiados até o
final do programa.
Mais informações:
Movimento Cáritas Diocesana
Igreja Católica
Diocese de Limoeiro do Norte
Telefone: (88)342303222
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