quarta-feira, 25 de abril de 2012

Belo Monte é debatida em coletiva realizada na 50ª AG dos Bispos do Brasil

      Realizada na tarde desta segunda-feira, 23 de abril, a entrevista coletiva concedida durante a 50ª Assembleia Geral (AG) dos Bispos do Brasil, em Aparecida (SP), abordou temas como a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte, laicidade do Estado e a colaboração solidária entre as dioceses.
      Participaram da coletiva o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, que coordena a comissão das celebrações dos 50 anos do Concílio Vaticano II; o bispo de Ipameri (GO), dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão Episcopal para a Caridade, Justiça e Paz; e o bispo prelado do Xingu (PA), dom Erwin Krautler, que é também presidente do Consenho Indigenista Missionário (CIMI).
Ao ser questionado sobre a atual situação de Altamira, no Pará, local onde está sendo construída a usina, dom Erwin foi enfático ao mencionar o descaso do governo com as populações locais. “Em 2009, estive pessoalmente com o então presidente Lula que me garantiu que haveria diálogo em relação à realização da obra. Estamos esperando até hoje. O povo não teve espaço para se manifestar, não houve diálogo”, ressaltou.
      Dom Erwin ainda salientou as mazelas em que vive a população de Altamira. “Eu sei disso porque eu vivo lá! Cerca de 40 mil pessoas serão atingidas e ainda não se sabe para onde eles vão. As escolas estão sucateadas, não há vagas nos hospitais, a prostituição e a violência ocorrem à luz do dia e a céu aberto.” O bispo prelado do Xingu e presidente do CIMI ainda destacou as extensas e intensas jornadas de trabalho e a grande especulação imobiliária que ocorreu na região. “Um aluguel que antes custava R$ 300 hoje custa R$ 2 mil.”
      Com relação a Belo Monte, o governo federal afirmou que nenhum índio seria atingido, mas, segundo dom Erwin, trata-se de falácia. “Vão cortar as águas dos povos indígenas e eles sobreviverão como? O que acontece ao povo daquela região é contra a dignidade humana. O governo discrimina este povo e nos trata como brasileiros de segunda classe.”
      Dom Guilherme reforçou o posicionamento de dom Erwin e contou que participou, na semana passada em Brasília (DF), de um debate entre o governo federal e atingidos por barragens. “Ouvimos do ministro de Minas e Energia (Edson Lobão) que o Brasil deve optar entre desenvolvimento ou não, em ter as usinas ou não. Dizem que as usinas geram energia limpa, mas elas não podem ser assim consideradas. Como chamar de energia limpa quando as terras mais férteis são inundadas, quando há grandes impactos ambientais e sociais?”, questionou.
      Durante a manhã desta segunda-feira, foi aprovado, por unanimidade, um projeto que deverá promover a solidariedade entre as dioceses nos próximos cinco anos. A partir de agora 1% da receita ordinária mensal de cada diocese irá compor um fundo que será utilizado na formação de seminaristas das dioceses mais pobres.
      A respeito da laicidade do Estado, o cardeal Odilo Scherer explicou que a Igreja não tem problemas com esta questão. “O Estado não pode assumir uma identidade religiosa, de outro lado, o pensamento ateu não pode prevalecer”, declarou o arcebispo. “O Estado é laico, mas a sociedade é religiosa.”
      A Cáritas Brasileira, representada por dom Flávio Giovenale, presidente da entidade, e Maria Cristina dos Anjos, diretora executiva nacional, participa da 50ª AG dos Bispos do Brasil que ocorre até a próxima quinta-feira, 26 de abril, em Aparecida (SP).


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por Thays Puzzi, assessora de Comunicação da Cáritas Brasileira / Secretariado Nacional, com informações da CNBB

sexta-feira, 20 de abril de 2012

ENCONTRÃO DE INTERCÂMBIO E PLANEJAMENTO COM CATADORES EM FLORES

Aconteceu no dia 19 de Abril, em Flores, o Encontrão de Intercâmbio e Planejamento das Ações dos catadores/as de materiais recicláveis. O encontro teve como objetivos principais: Partilhar a experiência da coleta seletiva com inclusão de catadores/as do grupo CODMAF (Comitê de Defesa do Meio Ambiente de Flores); Debater a elaboração de proposta da coleta seletiva municipal (Limoeiro, Russas/Flores e Quixeré) a partir dos catadores/as; Planejamento das ações em rede e municipais em 2012.
O encontro iniciou num clima de reflexão coletiva motivada pela parábola do semeador, onde cada um e uma pôde se apresentar e semear as sementes que desejavam para o dia e a continuidade de nossas ações. Várias foram as sementes, dentre elas, as sementes do amor, da esperança, união, prosperidade, felicidade, fortalecimento, desejo de continuar e não desistir da luta.
            Motivados/as pelo semear, o encontro seguiu com a partilha da experiência concreta que havia sido semeada em outubro de 2011 pelo grupo CODMAF. Experiência da coleta seletiva com a inclusão de catadores/as. Um grande destaque da partilha foi o depoimento do Catador Adil que relatou o que mudou a partir da coleta:
Adil dando seu depoimento...
“Há dois anos que eu trabalho no Ramal de Flores, antes eu tinha um resultado baixo na quantidade do material e na venda. O que melhorou foi à qualidade do material coletado, a minha renda e a população que abraçou a causa, que chegava a esperar até 3 meses para eu passar fazendo a coleta, demorei devido a problemas de saúde...”
Na Partilha de Adil, ele teve a oportunidade de relatar as dificuldades e desafios encontrados. Novamente Adil partilha que, mesmo tendo melhorado o preço, essa ainda é uma grande dificuldade, pois ainda não conseguem fazer a comercialização coletiva, mesmo num grupo reduzido de catadores. Outra questão é a infraestrutura para guardar o material coletado, não tem galpão, cada um armazena em suas residências, não tem equipamento para pesagem do material. Que lição Adil tira da experiência? Ele mesmo diz: “Precisamos da união para comercializar, colocar o preço.”
            Após a partilha os catadores/as se reuniram para refletir a coleta seletiva em seus municípios a partir da experiência apresentada, procurando elencar os destaques da experiência e construir a proposta da coleta em seus municípios para logo em seguida partilhar na plenária.
            O grupo também pensou as atividades coletivas de mobilização tendo as Marchas Municipais e Audiências Públicas como atividades a serem pensadas e realizadas nos municípios com a participação de todos os Catadores da Região.
            Terminamos o encontro com a esperança de termos semeado um grande multirão de organização da Classe Trabalhadora dos/as Catadores/as de Materiais Recicláveis no Vale. Um destaque especial para a galera do CODMAF, que foram parceiros importantíssimos para que esse momento acontecesse, desde a articulação das questões práticas do encontro, como também das atividades promovidas junto com as crianças, filhos e filhas de Catadores/as, que as mães levaram. No final, as mesmas crianças mostraram as pinturas feitas nas atividades, revelando seus sonhos de crianças filhas de Catadores...

ENCONTRÃO CATADORES 19/04/2012 - Flores
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