terça-feira, 6 de maio de 2014

TIREM SUAS MÃOS, A CHAPADA É NOSSO CHÃO! (grito das comunidades rurais da Chapada do Apodi)


 
 

 
Na manhã do dia 05 de maio de 2014, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), trabalhadores(as) e agricultores(as) das comunidades rurais da Chapada do Apodi, com apoio de diversas organizações e movimentos,  ocuparam a Segunda Etapa do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi, no município de Limoeiro do Norte (CE). A terra ocupada pertence ao Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), órgão subordinado ao Ministério da Integração Nacional, que tinha planos de licitar a área para empresas do agronegócio, consolidando a implantação de um modelo perverso e destrutivo na Chapada do Apodi.

 Por que ocupar o Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi?

A Chapada do Apodi, desde a implantação do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi, no final da década de 1980, passou a ser um território em disputa entre agricultores(as) camponeses(as) e o agronegócio. Nos anos 2000, intensificou-se a instalação, no entorno do perímetro irrigado, de empresas nacionais e internacionais, notadamente produtoras de frutas tropicais para exportação. Tais empresas instalaram grandes áreas de produção irrigada aproveitando a infraestrutura pública de canais de irrigação, estradas e energia elétrica, bem como dos bens naturais da Chapada, como solos férteis e água subterrânea. Cabe destacar que esse processo se deu com amplo apoio e financiamento do Governo Federal e Estadual.

A territorialização das empresas nacionais e internacionais na Chapada vem acompanhada de um processo destrutivo de produção do ponto de vista ambiental e social, entre eles, destacamos:

-No processo de produção é intensivo o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos, que contaminam o solo, o ar e água, trabalhadores(as) e comunidades rurais;

-Os empregos gerados são marcados pela exploração dos(as) trabalhadores(as); pela precarização dos contratos trabalhistas; assédio moral; exposição aos agrotóxicos, etc;

-As empresas dominam a água superficial e subterrânea, drenando esse bem natural, via exportação, para o mercado internacional.

 Destaca-se, ainda, que as terras públicas do perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi estão invadidas pelo agronegócio. Segundo dados do próprio Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), atualmente, 4.033,40 hectares estão invadidos, principalmente, por empresas nacionais/multinacionais e médios/grandes proprietários da região. Apenas três empresas Fruta Cor, Bananas do Nordeste S/A. (Banesa), Del Monte Fresh Produce são responsáveis pela invasão de mais 1.800 hectares.

Entre os objetivos da ocupação destacamos três: (1) denunciar o atual modelo de produção instalado na Chapada do Apodi; (2) exigir que o Governo Federal, representado pelo Ministério da Integração Nacional/DNOCS, retire as empresas da área invadida e, por fim, (3) que o DNOCS destine a área da Segunda Etapa do Perímetro Jaguaribe-Apodi para os(as) agricultores(as) sem terra.

Convidamos toda sociedade para apoiar essa luta por justiça social e ambiental. É fundamental o apoio de todos/as para devolver a Chapada do Apodi aos(as) agricultores(as) e trabalhadores(as) SEM TERRA.

Convocamos, ainda, todos(as) os(as) agricultores(as) e trabalhadores(as) SEM TERRA da região para se somarem à ocupação a fim de fortalecer o grito por justiça. TIREM SUAS MÃOS, A CHAPADA É NOSSO CHÃO!
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