A Cáritas acredita que é um escândalo que haja quase um bilhão de pessoas passando fome hoje em um mundo que tem recursos para alimentar a todos. As mais de 160 organizações nacionais que compõem a Caritas Internationalis estão unidas em sua primeira campanha global da história para pedir o fim da fome até 2025. Acreditamos que a melhor maneira de conseguir isso é mobilizar os governos para a criação de uma lei que garanta uma alimentação adequada e nutritiva para todos e todas. Entenda a proposta da Caritas Internationalis para a campanha “Uma família humana, alimentos para todos” acessando o site da Cáritas Brasileira e saiba como participar.
A concentração de renda no mundo: De acordo com o Relatório da Riqueza Global, lançado este ano pelo banco suíço Credit Suisse, se a riqueza produzida no mundo em 2013, que foi de UU$ 241 trilhões, fosse distribuída em partes iguais entre as pessoas adultas do planeta, cada um iria receber UU$ 56.600,00. O relatório ainda aponta que os 10% mais ricos controlam 86% da riqueza global, enquanto apenas 32 milhões de adultos em um mundo com sete bilhões de habitantes (0,7), possuem 41% da riqueza mundial. Além disso, dois terços dos adultos da humanidade – 3,2 bilhões – só conseguem dividir 3% da riqueza mundial.
A pobreza e as desigualdades no Brasil: Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é a sexta economia mais rica do mundo, mas 57 milhões de pessoas ainda vivem em estado de pobreza, ou seja, sobrevivem com meio salário mínimo. Mesmo com programas de distribuição de renda promovidos pelo Governo Federal, 20% dos mais ricos ainda detém 63,8% da renda nacional, enquanto os 20% mais pobres acessam apenas 2,5% de toda a riqueza que é produzida pelo país.
O “Atlas de Exclusão Social: os ricos no Brasil”, mostra que o país tem mais de 51 milhões de famílias, mas somente cinco mil apropriam-se de 45% de toda a riqueza e renda nacional.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), em 2012, em termos absolutos, o estado da Bahia apresentou maior contingente de pessoas na extrema pobreza, 1.126.897 pessoas, seguido dos estados do Maranhão (924.515), Ceará (718.066), São Paulo (666.452) e Pernambuco (609.160). Já em termos proporcionais, Maranhão, Alagoas, Ceará, Bahia e Pernambuco são os que apresentam as maiores taxas. Consideram-se extremamente pobres àquelas com renda domiciliar per capta inferior a R$ 70.
No Brasil, o tema da campanha mundial “Uma família humana, alimento para todos”, foi adaptado a partir do contexto e da realidade do país e ficou “Uma família humana, pão e justiça para todas as pessoas”. Isso porque a campanha no Brasil irá trabalhar na perspectiva dos direitos e da justiça social. A alimentação adequada e de qualidade é um direito humano e por isso deve ser garantido a todos os cidadãos e cidadãs de forma igualitária.
O que queremos?
A Cáritas Brasileira pretende com a campanha, que no Brasil vai até 2015, sensibilizar e mobilizar a Igreja e a sociedade sobre a realidade da fome, da miséria e das desigualdades no mundo e no Brasil, além de evidenciar ações promovidas pela Rede Cáritas e pela Igreja no enfrentamento a essas duras realidades.
Gesto concreto: Como uma de suas principais estratégias, no Brasil, a campanha irá promover um processo de escuta e diálogo junto aos grupos, comunidades e paróquias com o intuito de identificar como as próprias pessoas empobrecidas enxergam a questão da pobreza e da miséria em nosso país. Não queremos retratar a fome, a pobreza e a miséria apenas com números que colocam o ser humano em uma mera condição de estatística. Queremos dialogar sobre a verdadeira face dessa realidade, e quem nos contará essa história serão os próprios rostos da pobreza. A expectativa é que na Semana de Solidariedade em 2014 um documento sistematizado com o resultado de todos esses diálogos seja lançado para toda a sociedade brasileira.
VEJA O VÍDEO ONDE O PAPA FRANCISCO FALA QUE A FOME NO MUNDO É UM ESCÂNDALO
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